Crítica | Stranger Things 5: Volume 2 - É impossível ignorar que o Volume 2 parece esticar conflitos e situações além do necessário, como se a narrativa estivesse mais preocupada em ganhar tempo do que em avançar rumo ao desfecho.
| Divulgação | Netflix |
• Por Alisson Santos
Chegar ao Volume 2 da quinta e última temporada de Stranger Things é como atravessar uma estrada conhecida demais; há paisagens que ainda emocionam, personagens que continuam queridos, mas também a incômoda sensação de que a viagem poderia ter terminado há alguns quilômetros. Nesta reta final, a série da Netflix vive um paradoxo curioso — é ao mesmo tempo envolvente e frustrante, grandiosa e arrastada, carismática e excessiva.
Os irmãos Duffer sempre souberam construir momentos de impacto, e isso não se perde aqui. Há cenas que apertam o coração, encontros que recompensam anos de convivência com esses personagens e sequências que lembram por que Stranger Things virou um fenômeno cultural. Ainda assim, é impossível ignorar que o Volume 2 parece esticar conflitos e situações além do necessário, como se a narrativa estivesse mais preocupada em ganhar tempo do que em avançar rumo ao desfecho.
Composto por três episódios longos e recheados, o Volume 2 dá a impressão de que poderia ser facilmente condensado em um único grande filme. Em vez disso, a trama se apoia em idas e vindas que pouco acrescentam ao arco geral. Personagens partem para jornadas que acabam não levando a lugar algum; histórias prometem revelações, mas são interrompidas por desvios e cortes que quebram o ritmo; e, ao final, a sensação dominante é a de que quase tudo continua no mesmo ponto.
Isso pesa especialmente porque o Volume 1 havia estabelecido um caminho empolgante no quarto episódio, com Vecna consolidado como ameaça máxima e novas possibilidades surgindo para o destino de Hawkins e de seus habitantes. Esperava-se avanço, consequências, rupturas. O que se recebe, em muitos momentos, é repetição.
Se Stranger Things ainda funciona mesmo quando tropeça, isso se deve, em grande parte, ao seu elenco e aos personagens que se tornaram quase parte da família do público. Há algo profundamente afetivo em acompanhar Eleven, Mike, Dustin, Lucas, Will, Max, Steve, Robin e tantos outros chegando ao fim de sua jornada.
Neste Volume 2, porém, o destaque é desigual. Eleven, rosto da franquia desde o início, parece curiosamente deslocada, como se estivesse aguardando sua verdadeira hora de brilhar no episódio final. E eu tenho que dizer, como essa Millie Bobby Brown atua mal. Will ganha mais espaço do que nunca, o que traz peso emocional à narrativa, mas também expõe certa dificuldade em sustentar tantas cenas intensas seguidas. Ainda assim, sua presença reforça o tema central da série; crescer dói, e o trauma nunca some por completo. Max, minha favorita, finalmente tem um momento que justifica sua importância — ainda que demore demais para acontecer. Já Holly, agora alçada a um papel inesperadamente relevante, surge como uma grata surpresa, trazendo frescor a uma história que, em muitos aspectos, já parece exausta. E quando a série aposta nos laços entre seus personagens, ela ainda acerta em cheio. A reconciliação entre Dustin e Steve é um desses momentos que lembram por que essa dupla virou uma das mais queridas da TV; há verdade, afeto e a sensação de despedida no ar.
| Divulgação | Netflix |
O resultado é a sensação de estagnação; ao fim do terceiro episódio, pouco parece ter mudado desde o início do Volume 2. Para uma série que está literalmente às portas do fim, isso é especialmente frustrante. Tudo parece preparado para que “a grande virada” fique reservada exclusivamente para o episódio final, colocando sobre ele um peso quase injusto.
Talvez o exemplo mais gritante desse desgaste seja o fato de que, após cinco temporadas, a série ainda encontra tempo — e necessidade — de explicar o que é o Mundo Invertido no penúltimo episódio. É difícil aceitar que, depois de anos de mistério, horror e familiaridade com esse universo, a narrativa ainda trate o espectador como se estivesse chegando agora. Isso se conecta a outro problema evidente; a obsessão por diálogos expositivos. Personagens como Dustin e Robin acabam presos a longos discursos explicando planos, regras e acontecimentos, muitas vezes repetindo a mesma informação sob pequenas variações. Há momentos em que a tensão simplesmente se dissolve porque alguém precisa parar tudo para “explicar o roteiro”. A impressão é de que a série não confia mais na própria linguagem visual — e nem na atenção do público.
Outro ponto que pesa contra o Volume 2 é o tamanho do elenco. Ao longo da série, os Duffer se acostumaram a matar personagens coadjuvantes, preservando o núcleo principal. Agora, na última temporada, o número de personagens e núcleos é tão grande que a montagem vira um verdadeiro quebra-cabeça fragmentado. A narrativa pula de um lado para o outro em cortes apressados, não por necessidade dramática, mas para “dar conta” de todo mundo em cena. Com isso, muitas sequências perdem impacto emocional. Em vez de deixar um momento respirar, a série logo corta para outro grupo, outro problema, outra urgência. O efeito é de pressa — e não de intensidade.
Outro problema recorrente é o uso constante de soluções convenientes demais. A narrativa se apoia em coincidências que surgem do nada. Personagens olham para o lado e, como por milagre, encontram exatamente a resposta perfeita para o problema do momento.
O caso de Holly é emblemático; se ela não literalmente despencasse no lugar certo, na hora certa, os personagens sequer saberiam por onde começar. Esse tipo de recurso tira o peso das escolhas e do esforço, transformando desafios em etapas burocráticas rumo ao próximo momento. Esses facilitadores de roteiro quebram a imersão. Em vez de sentir que os personagens estão lutando contra o impossível, o espectador passa a sentir a mão do roteiro empurrando tudo na direção desejada.
Vecna continua sendo uma presença ameaçadora, mas, curiosamente, pouco se move. Mesmo após os eventos decisivos do Volume 1, sua trama parece estacionada. Há promessas de algo maior, mais devastador, mas quase nada se concretiza nesses episódios. Isso cria uma expectativa enorme para o episódio final — talvez grande demais. Ou o desfecho vai precisar ser um verdadeiro terremoto narrativo, capaz de justificar essa longa preparação, ou a série corre o risco de terminar de forma aquém do impacto que sempre buscou.
Apesar de todos os problemas, Stranger Things ainda sabe tocar o público. Há cenas emocionais que funcionam, encontros que arrancam lágrimas e momentos que fazem o espectador lembrar por que começou essa jornada lá em 2016. A mistura de nostalgia, horror, aventura e drama juvenil continua presente, mesmo que menos afiada. A verdade é que quem chegou até aqui vai assistir até o fim. Não por obrigação, mas por carinho. Porque esses personagens importam. Porque Hawkins, com todos os seus horrores, virou um lugar familiar. E porque despedidas, mesmo imperfeitas, merecem ser vividas.
Talvez a maior impressão deixada pelo Volume 2 seja a de que Stranger Things ultrapassou seu próprio auge. Não em termos de produção — que segue gigantesca — mas de necessidade narrativa. A história poderia ter sido encerrada antes, de forma mais enxuta e impactante. Agora, o que resta é a esperança de que o episódio final encontre a força que faltou aqui.
No fim das contas, Stranger Things 5: Volume 2 é como revisitar um velho amigo; ainda é bom vê-lo, ainda há afeto, mas também existe a percepção de que a conversa está se prolongando mais do que deveria. Resta torcer para que, ao se despedir, a série encontre um último momento de grandeza à altura de tudo o que representou.
O Volume 2 já está disponível na Netflix.
Avaliação - 6/10
Quando eles param pra conversar sobre sentimentos eu reviro os olhos e vou ver o celular ou mijar, isso aconteceu em quase toda hora e nada acontece, absolutamente nada. Parece que a temporada vai ser toda essas 2 horas finais.
ResponderExcluirToda temporada igual, enrolação do caralho pra não sair do lugar,nancy e Jhonatan discursando 2 horas pra fazer um discurso bonito pra morrer e do nada aquele líquido branco sem sentido nenhum para de cair do teto,novela do caralho
ResponderExcluirResumo da série (importante)
ResponderExcluirMax voltou
As duas mutantes chegam a uma conclusão do que o exército quer
O banguela descobre num caderno a estrutura para atacar e destruir a conexão terra e paralelo
Todos entram no mundo invertido.
Pronto, nem precisa assistir esses 3 episódios.
Depois de assistir essa 5 temporada eu quero pedir desculpas pra terceira porque ela nem foi tão ruim assim
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