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| Divulgação | HBO Max |
• Por Alisson Santos
No universo de IT, criado por Stephen King, o chamado massacre da Gangue Bradley é um dos eventos históricos mais importantes da cidade de Derry, funcionando como exemplo da violência recorrente que marca o ciclo de horrores do local. O episódio teria ocorrido em 1935 e é citado no romance como parte das investigações de Mike Hanlon, o personagem responsável por preservar a memória dos acontecimentos sombrios que a cidade tenta apagar ao longo das décadas.
A Gangue Bradley era formada por criminosos itinerantes que passaram por Derry durante a Grande Depressão, período de extrema tensão social e econômica nos Estados Unidos. Segundo os registros dentro da narrativa, o grupo era responsável por assaltos e assassinatos em pequenas cidades, o que fez com que a população de Derry os enxergasse como uma ameaça imediata. Em vez de confiar exclusivamente nas autoridades, moradores armados organizaram uma emboscada contra a gangue, culminando em um ataque violento que resultou na morte de todos os seus integrantes.
O que transforma o episódio em algo mais do que um simples confronto policial é a forma como ele é narrado e lembrado. Dentro do universo de IT, o massacre não é tratado como um ato heroico, mas como um linchamento coletivo marcado por histeria, excesso de violência e prazer sádico. Há relatos contraditórios sobre o que aconteceu exatamente naquela noite, incluindo a presença de um palhaço observando ou até participando do ataque — uma clara alusão a Pennywise, a entidade maligna que se alimenta do medo e influencia eventos trágicos em Derry ao longo de gerações.
Narrativamente, o massacre da Gangue Bradley serve para reforçar a ideia central da obra; Derry é uma cidade onde o mal não se manifesta apenas de forma sobrenatural, mas também através das ações humanas. Pennywise não cria a violência do zero; ele se aproveita de preconceitos, medos e impulsos já existentes. O massacre exemplifica como a população, quando tomada pelo pânico e pela raiva, pode se tornar tão monstruosa quanto a criatura que acredita estar combatendo.
O episódio também dialoga com outros eventos históricos de Derry, como o incêndio do Black Spot e a explosão da siderúrgica Kitchener, todos ocorrendo em ciclos de aproximadamente 27 anos. Esses acontecimentos funcionam como marcas temporais do retorno de Pennywise, sugerindo que grandes tragédias coletivas são sintomas de sua influência crescente sobre a cidade.
Embora seja totalmente ficcional, o massacre da Gangue Bradley é construído com base em práticas reais de justiça pelas próprias mãos comuns nos Estados Unidos do início do século XX, o que confere verossimilhança e desconforto ao relato. Stephen King utiliza esse pano de fundo para criticar a normalização da violência coletiva e a facilidade com que comunidades justificam atrocidades quando acreditam estar agindo “pelo bem maior”.
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