Crítica | Quarteto Fantástico: Primeiros Passos - Funciona? Sim. Encanta? Em alguns momentos. Mas um filme do Quarteto Fantástico deveria querer mais do que funcionar — deveria aspirar ao extraordinário.
Divulgação | Marvel Studios |
• Por Alisson Santos
Quarteto Fantástico: Primeiros Passos marca o retorno de um dos pilares da Marvel aos cinemas com uma proposta clara; reinventar a equipe para um novo público, sem perder a essência cósmica que os consagrou nos quadrinhos. O resultado é uma jornada visualmente impressionante, pontuada por personagens carismáticos, mas que falha em escalar a montanha narrativa que se propõe a subir.
A nova formação brilha quando aposta na leveza e na química entre seus membros. Sue e Johnny Storm são os verdadeiros motores da história — ela, com uma presença firme e sensível; ele, uma mistura explosiva de humor e heroísmo. Ambos seguram as rédeas emocionais do filme, muitas vezes salvando cenas que, de outro modo, cairiam na mesmice. O CGI faz jus ao investimento; há uma sequência em especial que merece aplausos; uma aproximação ao horizonte de eventos de um buraco negro, onde o Quarteto tenta escapar da Surfista Prateada. Galactus é estonteante em tela, um colosso de energia e cor que impressiona à primeira vista, mesmo que o roteiro lhe retire quase toda a ameaça que representa.
E aí está o grande problema do filme; o medo de ir até o fim. Galactus e a Surfista Prateada são figuras quase míticas dentro da mitologia Marvel, mas aqui são reduzidos a obstáculos funcionais. A Surfista até flerta com camadas dramáticas, sobretudo em suas trocas com Johnny, mas uma virada repentina no terceiro ato compromete qualquer construção emocional mais densa. Galactus, por sua vez, é “nerfado” de forma quase cômica — sua presença deixa de ser apocalíptica e se torna apenas… conveniente.
Divulgação | Marvel Studios |
Reed Richards, o cérebro do grupo, surge como um líder sem pulso. Seu arco é tão insípido que beira o irrelevante, um contraste gritante com o personagem dos quadrinhos — e até com versões anteriores no cinema. Ben Grimm, o Coisa, recebe um subplot romântico tão subdesenvolvido que soa como um lembrete de roteiro que ninguém teve tempo (ou interesse) de finalizar. Ambos acabam à sombra dos irmãos Storm, o que desequilibra a formação e frustra quem esperava uma abordagem mais coletiva.
A trilha sonora, por mais que tente soar épica, parece fora de sintonia com o tom do filme. Em momentos de tensão ou descoberta, falta-lhe impacto. Em cenas leves, soa deslocada. O adorável HARBIE, robô auxiliar da equipe, e o bebê de Sue, Franklin Richards, são inserções simpáticas que ajudam a manter o público engajado, mas são claramente pensados como pontos de respiro em uma narrativa que evita se aprofundar demais.
No fim, Quarteto Fantástico: Primeiros Passos cumpre seu papel como introdução, mas sem ousadia. É como um foguete que decola com potência, mas que, ao atingir a estratosfera, decide planar em segurança em vez de cruzar o infinito. Funciona? Sim. Encanta? Em alguns momentos. Mas um filme do Quarteto Fantástico deveria querer mais do que funcionar — deveria aspirar ao extraordinário. E esse, infelizmente, ainda não é o caso.
O filme conta com duas cenas pós-créditos; uma relevante para o futuro do universo e outra irrelevante.
O filme estreia em 24 de julho nos cinemas.
Avaliação - 7/10
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