Confira os destaques da programação da 49ª Mostra de São Paulo

"Frankenstein", de Guillermo del Toro

• Por Alisson Santos 

A 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo chega em 2025 reafirmando seu papel como um dos mais relevantes festivais do mundo e um dos principais eventos culturais do Brasil. A programação deste ano é marcada por uma multiplicidade de olhares, trazendo desde as grandes estreias internacionais premiadas nos festivais de Veneza, Cannes e Berlim até o vigor do cinema brasileiro contemporâneo, que ocupa espaço de destaque em todas as seções do evento.

Entre os grandes atrativos da Mostra está a exibição de 15 obras indicadas oficialmente por seus países para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2026. Trata-se de uma seleção que representa um panorama da diversidade e das urgências da produção mundial. Entre elas, destacam-se "O Som da Queda", da alemã Mascha Schilinski, vencedor do júri em Cannes; "Jovens Mães", novo trabalho dos irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne; "O Agente Secreto", de Kleber Mendonça Filho, que carrega a responsabilidade de representar o Brasil; "No Other Choice", do aclamado sul-coreano Park Chan-wook; "Foi Apenas um Acidente", de Jafar Panahi, que já conquistou a Palma de Ouro em Cannes; e "The President’s Cake", do iraquiano Hasan Hadi, que obteve a Caméra d’Or também em Cannes. A lista segue com obras da Espanha, França, Islândia, Líbano, Palestina, Suécia e Taiwan, reforçando o caráter global da seleção.

Se o olhar internacional atrai pela diversidade, a Mostra Brasil reafirma a potência criativa do cinema nacional, reunindo cerca de 60 produções inéditas em São Paulo. Dividida entre a seção de Apresentação Especial e a Competição Novos Diretores, essa seleção inclui tanto filmes de nomes consagrados quanto estreias de cineastas em início de trajetória, que concorrem ao tradicional Troféu Bandeira Paulista. A lista de estreias mundiais impressiona: "D.P.A. 4: O Fantástico Reino de Ondion", de Mauro Lima; "Mauricio de Sousa: O Filme", de Pedro Vasconcelos; "O Filho de Mil Homens", de Daniel Rezende; "Aurora 15", de José Eduardo Belmonte; "Eclipse", de Djin Sganzerla; "Um Espaço que Se Move", de Cristiano Burlan; "A Vida de Vlado: 50 Anos do Caso Herzog", de Simão Scholz; "Revoada: Versão Steampunk", de Ducca Rios; "Primavera nos Dentes: A História do Secos & Molhados", de Miguel de Almeida; além de produções ousadas como "Choque de Cultura: A Série", de Fernando Fraiha, e "Terra Devastada", de Frederico Machado. Também chegam ao festival as estreias nacionais de "Malaika", de André Morais, e "Pipas", de Walter Thompson-Hernandez.

A Mostra ainda se conecta aos grandes festivais internacionais do calendário cinematográfico. Direto de Veneza, chegam obras premiadas como "Pai Mãe Irmã Irmão", de Jim Jarmusch, vencedor do Leão de Ouro; "Abaixo das Nuvens", de Gianfranco Rosi, que recebeu o prêmio especial do júri; e "Amiga Silenciosa", de Ildikó Enyedi, reconhecido pelo prêmio Fipresci e pela performance da atriz Luna Wedler. Outros destaques do evento italiano também estarão em São Paulo, como "Verão Breve", de Nastia Korkia, ganhador do Leão do Futuro; "Vainilla", de Mayra Hermosillo, premiado pelo roteiro; e títulos aguardados como "Bugonia", de Yorgos Lanthimos, e "Frankenstein", de Guillermo del Toro.

"Bugonia", de Yorgos Lanthimos

De Cannes, além do já citado "Foi Apenas um Acidente", a Mostra exibirá "Era Uma Vez em Gaza", dos irmãos Nasser, reconhecido na mostra Um Certo Olhar; "Cidade sem Sonho", de Guillermo Galoe, premiado pela crítica; "Urchin", de Harris Dickinson, com atuação premiada de Frank Dillane; "A Irmã Mais Nova", de Hafsia Herzi, que rendeu a Nadia Melliti o prêmio de melhor atriz; e "A Dança das Raposas", de Valéry Carnoy, eleito melhor filme europeu. Obras como "Sirât", de Oliver Laxe, e "Imago", de Déni Oumar Pitsaev, reforçam a riqueza do recorte.

Já no caso do Festival de Berlim, a seleção inclui títulos provocativos como "Kontinental '25", de Radu Jude, Urso de Prata de melhor roteiro; "Blue Moon", de Richard Linklater, premiado pela atuação de Andrew Scott; "Christy", de Brendan Canty, vencedor da seção Generation 14plus; e "O Botânico", de Jing Yi, eleito melhor filme na Generation Kplus. O Brasil também ganha espaço nesse contexto com "A Memória das Borboletas", de Tatiana Fuentes Sadowski, que recebeu menção especial e o prêmio da crítica na seção Fórum.

A pluralidade é a marca desta edição da Mostra. O evento não apenas reflete o que há de mais relevante no circuito dos festivais internacionais, como também funciona como vitrine fundamental para o cinema brasileiro. Da ficção autoral aos documentários históricos, do cinema de gênero às produções infantojuvenis, a Mostra reafirma a ideia de que o cinema é múltiplo, vivo e essencial para a compreensão do mundo contemporâneo.

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