Crítica | KYGO: BACK AT THE BOWL - Para fãs, é uma celebração. Para o público mais amplo, é um lembrete de que a música eletrônica, quando bem articulada, pode ser tão cinematográfica quanto qualquer sinfonia.
Divulgação | Sato Company |
• Por Alisson Santos
KYGO: BACK AT THE BOWL chega aos cinemas como mais do que um registro de show. É a materialização audiovisual de um artista que consolidou a tropical house como linguagem global e que, agora, revisita sua própria trajetória em um dos palcos mais simbólicos da música; o Hollywood Bowl.
A primeira coisa que salta aos olhos (e ouvidos) é a dimensão técnica. Filmado em 8K com 18 câmeras e explorando formatos imersivos como SCREENX (270°) e 4DX, o concerto não se limita a replicar a experiência de um show ao vivo — ele a expande. A direção de Sam Wrench, já reconhecido por transformar apresentações de Taylor Swift e Billie Eilish em experiências cinematográficas, acerta ao equilibrar a grandiosidade do espetáculo com a cadência narrativa, evitando que a filmagem seja apenas um mosaico de luzes e multidões.
Musicalmente, Kygo reafirma sua identidade. Seu set mistura hits que pavimentaram sua carreira — hinos melódicos e carregados de vocais emotivos — com arranjos pensados para a imersão coletiva. A escolha de manter a leveza tropical house como eixo, mesmo em um ambiente monumental como o Bowl, reforça a essência de Kygo; um artista que prefere atmosferas de euforia contemplativa em vez da agressividade típica de outros subgêneros eletrônicos. Essa coerência estética, ao longo de quase uma década de carreira, é um dos pontos fortes do filme.
Entretanto, a força do espetáculo também revela algumas limitações. Como registro, BACK AT THE BOWL privilegia a catarse sonora e visual em detrimento da intimidade. Há pouco espaço para momentos de bastidores, para o Kygo “fora do palco”. Isso faz do filme uma experiência mais celebratória do que introspectiva — algo que funciona para os fãs, mas que pode soar distante para quem procura camadas mais humanas ou narrativas de vulnerabilidade artística.
Divulgação | Sato Company |
Ainda assim, não se pode negar o alcance cultural da obra. Kygo foi o primeiro artista a levar o tropical house ao topo das paradas e, ao cristalizar sua presença em um palco icônico como o Bowl, ele inscreve seu nome no cânone da música eletrônica de arena, ao lado de gigantes que transformaram DJs em performers de massa. A combinação de visual hipnótico, mixagem refinada e ambientação cinematográfica cria um produto que, acima de tudo, funciona como cápsula de tempo; um retrato de um artista no auge de sua relevância global.
KYGO: BACK AT THE BOWL não reinventa o formato do filme-concerto, mas atinge seu objetivo com precisão cirúrgica; capturar a grandiosidade de um artista que soube traduzir o hedonismo da dance music em linguagem universal. Para fãs, é uma celebração. Para o público mais amplo, é um lembrete de que a música eletrônica, quando bem articulada, pode ser tão cinematográfica quanto qualquer sinfonia.
KYGO: BACK AT THE BOWL estreia globalmente em 26 de setembro, com lançamento simultâneo em diversos países. No Brasil, a distribuição será feita pela Sato Company.
Avaliação - 8/10
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