Divulgação | Disney+ |
• Por Alisson Santos
O encerramento da primeira temporada de Polaris: Conspiração Política foi calculadamente ambíguo, deixando os fãs divididos entre o alívio e a incerteza. A série, que começou como um thriller político de espionagem, termina como uma reflexão sobre sacrifício, memória e poder — e o destino de Paik Sanho é a peça central dessa discussão.
O SACRIFÍCIO DE SANHO E O “MITO DO HERÓI INVISÍVEL"
Quando Sanho decide permanecer no submarino para desarmar a bomba nuclear, sua escolha é coerente com o papel que sempre assumiu; o de escudo silencioso. Ele nunca buscou protagonismo, mas a redenção. Ao se sacrificar, não apenas impede a guerra — ele limpa o nome de Munju, o grande amor que sempre defendeu nas sombras.
A explosão, portanto, funciona como metáfora. O fogo consome Sanho, mas também apaga o rastro de corrupção e traição que contaminava o governo. O herói desaparece no mesmo instante em que o país se purifica — uma espécie de batismo trágico.
A CENA DO COLAR
A sequência final, em que Sanho enterra o colar de Munju em uma praia distante, é o tipo de cena que divide interpretações. Três possibilidades coexistem:
1. Um sonho de Munju - A série já usou a técnica da memória fragmentada em diversos momentos. O enterro do colar pode ser o modo inconsciente de Munju aceitar a perda — um ritual imaginário de despedida.
2. Sanho sobreviveu - Há pistas sutis que sustentam essa teoria. O colar está limpo, sem sinais de queimadura, e o horizonte da cena mostra navios militares de Idisa ao fundo — o mesmo país envolvido na conspiração. Isso sugere que Sanho foi resgatado e decidiu desaparecer para evitar ser usado politicamente.
3. Um símbolo da continuidade - Mesmo que morto, Sanho vive através das escolhas de Munju. O colar, antes amuleto de proteção, torna-se agora símbolo de propósito. Enterrá-lo seria o gesto de enterrar o passado, para que algo novo possa florescer — a presidência de Munju, que nasce do sacrifício dele.
A genialidade do final está em não confirmar nenhuma versão, permitindo que Sanho exista como mito — o homem que pode ter morrido, mas cuja presença ainda move os rumos do país.
O ARCO DE MUNJU
O arco de Munju é o verdadeiro eixo da temporada. No início, ela é uma idealista cercada por lobos; no fim, uma líder forjada no fogo do caos. Sua candidatura à presidência não é um ato de ambição, mas de responsabilidade. A morte de Sanho, ou sua ausência, torna-se o impulso para que ela finalmente entenda o peso da coragem.
O contraste com Okseon é evidente; enquanto a sogra destruiu o mundo para afirmar poder, Munju tenta reconstruí-lo através da empatia. São duas mulheres moldadas pela perda — uma movida pelo ódio, a outra pela compaixão. Polaris, afinal, sempre foi sobre o que cada um faz com as próprias feridas.
O LEGADO DE OKSEON E O VERDADEIRO INIMIGO
O fim de Okseon, jogando-se ao mar após provocar o colapso que ela mesma arquitetou, encerra a trajetória de uma vilã complexa. Ela acreditava lutar pelo país, mas, na verdade, buscava vingança pessoal travestida de patriotismo. Sua morte é a destruição simbólica do velho sistema — aquele em que poder se confundia com justiça.
O verdadeiro inimigo em Polaris nunca foi os Estados Unidos ou Idisa, mas a corrupção da alma humana diante do poder. A série faz questão de mostrar que as guerras mais devastadoras são sempre travadas dentro de casa — e, sobretudo, dentro de si mesmo.
O SENTIDO OCULTO DO TÍTULO "POLARIS"
“Polaris” é o nome da Estrela do Norte — o ponto fixo usado há séculos para guiar navegadores perdidos. Munju e Sanho representam essa metáfora; mesmo separados, um continua sendo a bússola moral do outro. O final, portanto, não fala sobre morte ou sobrevivência, mas sobre direção. Quando tudo ao redor parece em ruínas, ainda há algo — ou alguém — que indica o caminho.
SANHO ESTÁ MORTO OU VIVO?
A resposta mais coerente com o tom da série é que Sanho está vivo apenas na memória. Ele sobrevive, sim — mas não fisicamente. Vive nas decisões de Munju, nas reformas que ela inicia, e na nova Coreia que tenta nascer dos destroços. A cena da praia é uma lembrança simbólica, um eco de um amor que transcende o tempo e a política. Mas, como toda boa conspiração, Polaris deixa um espaço de dúvida — o suficiente para que, se uma segunda temporada vier, o fantasma (ou a lenda) de Sanho possa retornar. E talvez seja esse o verdadeiro sentido de Polaris; a estrela que guia, mesmo quando já desapareceu no horizonte.
Me fez enxergar por outra ótica.
ResponderExcluirTomara q ele esteja vivo ou ela encontre tmb o amor em alguém que possa somar em sua nova trajetória pq ela não foi feliz em nenhum momento coitada,só perda e sofrimento
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