Brasil naufraga em Singapura e registra pior Mundial de Natação em 20 anos

Divulgação | Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos

• Por Alisson Santos 

O Mundial de Esportes Aquáticos de 2025, realizado em Singapura, expôs de forma dolorosa a fragilidade atual da natação brasileira. Pela terceira edição consecutiva, o país voltou para casa sem conquistar nenhuma medalha, registrando ainda o pior desempenho em duas décadas. Desde 2005 o Brasil não ficava tão distante do pódio, e, desta vez, o saldo foi apenas duas finais disputadas, um número que reforça o tamanho do retrocesso.

O dado mais alarmante talvez seja o rendimento individual dos atletas. Dos onze nadadores que representaram o país, dez tiveram tempos piores do que os alcançados no Troféu Maria Lenk, realizado em abril e que serviu como seletiva para o Mundial. A queda de desempenho não pode ser atribuída apenas à pressão da competição. Ela sugere falhas no planejamento de treinos, na preparação física e até na adaptação ao clima e à piscina de Singapura, levantando questionamentos sobre a estratégia adotada pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.

Guilherme Caribé foi um dos poucos a alcançar as finais, terminando em oitavo lugar nos 50 metros borboleta e ficando muito próximo do pódio nos 100 metros livre, onde terminou em quarto. No entanto, seus resultados positivos foram casos isolados em meio a uma campanha marcada por eliminações precoces, inclusive de atletas que vinham em boa fase, como Maria Fernanda Costa e Stephanie Balduccini. A ausência de nomes brasileiros nas disputas decisivas tornou-se um dos retratos mais claros da crise.

Divulgação | Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos

A falta de renovação também pesa. Especialistas apontam que o Brasil não conseguiu formar uma nova geração capaz de substituir os campeões do passado, e que a escassez de jovens talentos prontos para brilhar em competições de alto nível se tornou dramática. Até mesmo veteranos consagrados, como Ana Marcela Cunha, não conseguiram resultados relevantes, encerrando sua participação sem medalhas e longe do pódio.

Comparado ao desempenho de 2005, quando o país já vivia um momento difícil, a campanha de 2025 consegue ser ainda mais preocupante. Naquele ano, ao menos houve uma presença mais consistente em fases decisivas, enquanto agora o Brasil foi praticamente coadjuvante no cenário mundial.

O que se viu em Singapura foi mais do que um mau resultado. Foi um alerta. A natação brasileira precisa de uma reestruturação profunda que envolva melhor gestão, infraestrutura adequada, suporte psicológico e um planejamento de ciclo olímpico mais eficiente. Sem mudanças radicais, a perspectiva para Paris 2028 é de repetir ou até piorar o desempenho atual, prolongando uma crise que já se arrasta há tempo demais.

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