| Divulgação | Universal Pictures |
| Título | The Brutalist (Título original) |
|---|---|
| Ano produção | 2023 |
| Dirigido por | Brady Corbet |
| Estreia | 20 de fevereiro de 2025 (Brasil) |
| Duração | 215 Minutos |
| Classificação | 18 - Não recomendado para menores de 18 anos |
| Gênero | |
| País de Origem | Estados Unidos - Hungria |
Sinopse
O Brutalista se passa em 1947, quando o arquiteto visionário húngaro László Toth (Adrien Brody) e sua esposa Erzsébet (Felicity Jones) fogem da Europa devastada pela guerra em busca de um novo começo na América. Em sua jornada para reconstruir seu legado e testemunhar o surgimento da América moderna, eles se deparam com uma oportunidade que pode mudar suas vidas para sempre.
• Por Alisson Santos
• Avaliação - 9/10
Brady Corbet, em seu mais novo e ambicioso projeto, "O Brutalista", entrega um épico cinematográfico que não apenas traça a jornada de um arquiteto judeu húngaro sobrevivente do Holocausto, mas também tece uma crítica contundente à sociedade americana do pós-guerra. Com um olhar meticuloso sobre o deslocamento, o antissemitismo persistente e a ilusão do Sonho Americano, o filme se estabelece como uma obra que desafia tanto emocional quanto intelectualmente seu espectador.
László Tóth (Adrien Brody) é um arquiteto talentoso, mas o mundo que o cerca não está interessado em seu talento. A promessa de um recomeço nos Estados Unidos vem atrelada a novas formas de humilhação, exploração e preconceito. A chegada de László aos Estados Unidos é filmada com um enquadramento invertido, um detalhe técnico que reflete a desorientação do protagonista e a brutalidade do processo migratório. Em meio a esse novo mundo, ele reencontra seu primo Átila (Alessandro Nivola), que, ao contrário dele, apagou suas raízes judias e se reinventou como um cidadão americano bem-sucedido. Esse contraste entre identidade e assimilação é um dos temas mais potentes do filme, mostrando como o antissemitismo moldou não apenas as experiências de quem foi perseguido, mas também as de quem precisou se camuflar para sobreviver.
| Divulgação | Universal Pictures |
A crítica ao ideal americano é contundente. A fala “este país está podre” sintetiza um sentimento que perpassa todo o filme: os Estados Unidos são apresentados não como terra de oportunidades, mas como um lugar de corrupção moral, onde a arte, a cultura e as pessoas são consumidas e descartadas ao bel-prazer da elite. László, como muitos imigrantes e artistas da época, precisa negociar sua existência com aqueles que detêm o poder – no caso, o excêntrico e sinistro Harrison Lee Van Buren, interpretado por um irreconhecível Guy Pearce.
Esse sentimento de desilusão ecoa nas escolhas estéticas de Corbet. Filmado em 70 mm com câmeras VistaVision, o longa impressiona pelo visual grandioso, mas nunca perde sua atmosfera claustrofóbica e melancólica. A trilha sonora, ao mesmo tempo delicada e perturbadora, reforça a sensação de um mundo onde o passado nunca é realmente deixado para trás.
O título do filme, que faz referência ao movimento brutalista na arquitetura, dialoga com seu protagonista: enquanto o estilo arquitetônico expõe a materialidade bruta dos edifícios, László esconde suas cicatrizes emocionais, reprimindo a dor que o molda. A estética e a narrativa se entrelaçam para construir uma obra monumental, densa e inesquecível.
| Divulgação | Universal Pictures |
Com uma duração de três horas e meia, "O Brutalista" exige paciência, mas recompensa o espectador com uma narrativa imersiva e reflexiva. Sua estrutura dividida em prólogo, intervalo e epílogo remete ao cinema clássico, enquanto sua abordagem estética e temática traz frescor ao cinema contemporâneo.
Ao final, o filme não oferece respostas fáceis. Em vez disso, deixa seu público imerso na angústia de seu protagonista, na violência velada da sociedade que o cerca e na persistência de um passado que se recusa a ser esquecido. É um daqueles raros filmes que continuam reverberando na mente muito depois dos créditos finais.
"O Brutalista" estreia em 20 de fevereiro nos cinemas nacionais.
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