McLaren dispara e abre abismo para rivais na Fórmula 1

Divulgação | McLaren

• Por Alisson Santos 

A Fórmula 1 vive em 2025 uma temporada marcada por uma disparidade poucas vezes vista na história recente, e no centro desse abismo está a McLaren. O domínio da equipe britânica é tão expressivo que os números falam por si só; a McLaren tem 617 pontos no campeonato de construtores. Não há nenhuma outra equipe sequer próxima desse patamar. Nenhuma na casa dos 600, nenhuma na dos 500, nenhuma na dos 400 e nem mesmo na dos 300. Apenas então, bem distante, aparece a Ferrari em segundo lugar com 280 pontos, menos da metade da pontuação da líder.

Esse domínio não se explica por um fator isolado, mas por um conjunto de decisões e acertos técnicos, estratégicos e culturais que elevaram a McLaren a outro nível. O projeto do MCL39, fruto de um trabalho consistente iniciado ainda na geração anterior, passou por uma reformulação quase total. Do monocoque à suspensão, passando por sidepods, airbox e uma reinterpretação completa das asas dianteira e traseira, cada detalhe foi pensado para gerar eficiência. O resultado foi um carro que alia velocidade de reta e estabilidade em curvas sem comprometer a durabilidade dos pneus, um equilíbrio raro na categoria.

Além disso, a equipe investiu pesado em metodologia. Cada atualização foi testada e confirmada por meio de um alinhamento preciso entre CFD, túnel de vento e resultados de pista. Nada foi lançado antes do tempo, evitando erros e garantindo que os upgrades realmente entregassem desempenho. Essa disciplina se traduz em consistência e explica por que a McLaren praticamente não teve pontos desperdiçados ao longo do ano.

A confiabilidade também se tornou um diferencial. Enquanto rivais como Ferrari, Red Bull e Mercedes sofreram com abandonos ou falhas, a McLaren conseguiu alinhar potência e resistência na unidade de potência, somando pontos em praticamente todas as corridas. O gerenciamento de pneus, apoiado por um sistema de resfriamento sofisticado que atua diretamente na temperatura dos freios e dos compostos traseiros, também deu à equipe a possibilidade de manter ritmo alto em qualquer cenário.

Divulgação | McLaren

No lado estratégico, a eficiência impressiona. As decisões de boxes têm sido quase sempre perfeitas, a escolha de pneus raramente falha e a leitura de corrida se mostra afiada, transformando situações de risco em oportunidades. Essa precisão é reflexo de uma estrutura que trabalha em sintonia, do comando de Andrea Stella à execução nos bastidores.

A dimensão histórica do feito já é perceptível. Ao longo da temporada, a McLaren alcançou a ducentésimo vitória em sua trajetória na Fórmula 1, e ganhou 12 de 16 etapas, algo que não se via desde a era de domínio da Mercedes em 2019. Cada corrida reforça a sensação de que a equipe não compete apenas contra seus rivais, mas contra suas próprias marcas e estatísticas.

Andrea Stella, líder do projeto, chegou a admitir surpresa com o nível de domínio alcançado, mas destacou que a confiança depositada na inovação agressiva foi essencial. Mesmo assim, mantém a cautela ao lembrar que as adversárias estão sempre à espreita. Ferrari e Red Bull trabalham intensamente para reduzir a diferença, e a história da Fórmula 1 já provou que hegemonias não são eternas.

O que se vê, no entanto, é uma temporada que transforma a McLaren em símbolo de supremacia absoluta. Não se trata apenas de um título iminente, mas de uma demonstração de como a excelência pode ser construída pela soma de engenharia de ponta, disciplina técnica e ambiente organizacional saudável. Se o ritmo se mantiver até o fim, a temporada de 2025 será lembrada não apenas pelo número de vitórias, mas pela dimensão de um abismo que dificilmente será esquecido na era moderna da Fórmula 1.

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