Crítica | IT: Bem-Vindos a Derry - Episódios 1 e 2

Divulgação | HBO Max

• Por Alisson Santos 

A estreia de IT: Bem-Vindos a Derry na HBO Max estabelece um retorno vigoroso ao universo de Stephen King, oferecendo uma série que mergulha nas origens do terror e da perversidade que assola a cidade de Derry. Nos dois primeiros episódios, a série se equilibra entre a nostalgia do material já conhecido e a expansão de território inexplorado do romance original, criando uma experiência que é ao mesmo tempo familiar e surpreendentemente nova. Andy Muschietti, retomando seu papel de guia criativo da franquia, imprime seu estilo característico de terror psicológico, equilibrando momentos de horror gráfico com uma atmosfera de tensão crescente que parece pulsar por toda a cidade.

A narrativa se divide entre duas frentes que estabelecem o tom da série; as crianças que começam a experimentar a ameaça de Pennywise e os adultos que se deslocam em Derry, em particular o Major Leroy Hanlon, interpretado com firmeza por Jovan Adepo. Enquanto a trama adulta parece, por ora, mais lenta e focada na construção de um pano de fundo social e racialmente carregado da década 60, os acontecimentos infantis carregam a verdadeira energia da série. O desaparecimento de Matty Clements é tratado com um suspense que cresce de maneira orgânica, intensificado por uma sequência de abertura que demonstra o domínio de Muschietti sobre a linguagem visual do medo; cada olhar estranho, cada movimento inquietante dentro do carro que leva Matty para seu destino fatal, contribui para uma sensação de vulnerabilidade quase palpável. É um terror que não depende apenas de CGI, mas de construção meticulosa de atmosfera e expectativa.

O paralelo entre as crianças e os adultos evidencia uma das forças mais instigantes da série; a forma como Derry engendra maldade de maneira banal, tornando a indiferença dos habitantes quase tão assustadora quanto Pennywise. A culpa e a sensação de impotência das crianças diante do desaparecimento de Matty criam uma tensão emocional que dá profundidade ao terror físico, e personagens como Lilly e Marge já se destacam como figuras cativantes, com personalidade e complexidade que prometem evoluir ao longo da temporada.

Divulgação | HBO Max

Quanto ao próprio Pennywise, Bill Skarsgård é mantido em segundo plano nesta estreia, permitindo que a série construa gradualmente a presença do monstro. Os breves vislumbres em outras formas e os ataques iniciais, embora ainda parcimoniosos, funcionam como presságios inquietantes de uma violência que está apenas começando a se desenrolar. Essa moderação na exposição aumenta a sensação de ameaça constante, lembrando que, em Derry, ninguém está seguro, seja criança ou adulto.

Visualmente, a série é impressionante, com figurinos e design de produção que transportam o espectador de volta à década de 60 com autenticidade e riqueza de detalhes. A paleta de cores, o jogo de luz e sombra e a fotografia colaboram para construir uma Derry que é ao mesmo tempo encantadora e perturbadora, reforçando o contraste entre a normalidade aparente da cidade e a monstruosidade que se esconde por trás de suas ruas aparentemente pacatas.

Nos dois primeiros episódios, IT: Bem-Vindos a Derry estabelece-se como uma exploração cuidadosa e selvagem da mitologia de Pennywise e da cidade que ele assola. A série equilibra bem suspense psicológico, horror físico e comentário social, criando um terreno fértil para os episódios futuros. Se o lado adulto ainda caminha em terreno mais preparatório, a narrativa infantil brilha como o coração pulsante da temporada, prometendo sustos elaborados, tensão crescente e um mergulho cada vez mais profundo nas sombras de Derry. Para fãs antigos e novos, esta estreia faz sentir-se em casa na pior cidadezinha dos Estados Unidos — e a sensação é, ao mesmo tempo, aterrorizante e irresistível.

IT: Bem-Vindos a Derry é composta por nove episódios, o primeiro episódio está programada para estrear em 26 de outubro na HBO e HBO Max, simultaneamente.

Avaliação - 8/10

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