Thierry Frémaux exalta o cinema brasileiro e reforça a importância da preservação em coletiva realizada em São Paulo

Divulgação | MDH Entretenimento

• Por Alisson Santos 

Em uma coletiva de imprensa marcada por elogios, debates sobre memória cinematográfica e reflexões sobre o futuro da sétima arte, Thierry Frémaux — diretor do Festival de Cannes e do Institut Lumière — esteve na manhã desta terça-feira (18), em São Paulo, para uma conversa com jornalistas antes de participar de um evento especial na Cinemateca Brasileira. A visita integra o circuito de divulgação de Lumière! A Aventura Continua, seu novo documentário sobre os irmãos Lumière, que chega aos cinemas brasileiros em dezembro.

Frémaux abriu a coletiva celebrando a reabertura e a retomada das atividades da Cinemateca, instituição que ele descreveu como “um símbolo de responsabilidade cultural”. Para ele, preservar filmes não é apenas um ato técnico, mas uma forma de garantir que a humanidade não perca partes essenciais de sua própria história. “Cuidar da história do cinema é cuidar de nós mesmos”, afirmou. O diretor também ressaltou que o Brasil, apesar das dificuldades enfrentadas nos últimos anos, demonstra uma resiliência que poucos países possuem no que diz respeito à memória audiovisual.

Um dos momentos mais comentados da conversa foi quando Frémaux destacou o papel do Brasil no cenário internacional. “O Brasil é um grande país de cinema, com forte tradição cinéfila, grandes artistas e festivais importantes”, declarou, citando a força criativa de diretores brasileiros contemporâneos e mencionando produções recentes que chamaram sua atenção. A fala foi recebida como um reconhecimento importante, especialmente em um momento em que o cinema nacional busca ampliar sua presença nos grandes circuitos mundiais.

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O centro da coletiva, porém, foi a apresentação de Lumière! A Aventura Continua, documentário que reúne cem novos filmes restaurados dos irmãos Lumière e amplia a reflexão iniciada por Lumière! A Aventura Começa. Ao comentar a obra, Frémaux observou que muitas das questões fundamentais sobre linguagem cinematográfica já estavam colocadas desde 1895. “Antes mesmo de falarmos de streaming, digitalização ou câmeras leves, os Lumière já se perguntavam; o que filmar, por quê, e para quem?”, disse. Para ele, revisitar essas imagens é uma forma de entender não apenas como o cinema nasceu, mas como ele continua a se reinventar.

A relação do documentário com o Brasil também ganhou espaço na coletiva. Frémaux ressaltou que trazer o filme ao país era quase uma obrigação simbólica, já que o público brasileiro sempre demonstrou grande abertura para documentários históricos e debates sobre cinema clássico. Ele afirmou ainda que espera que a obra inspire novas gerações de cineastas e arquivistas a olhar para o passado como um terreno fértil para inovação.

A presença do diretor em São Paulo também reforça a aproximação entre instituições francesas e brasileiras. Frémaux indicou abertura para futuras colaborações entre o Festival de Cannes, o Institut Lumière e a Cinemateca, especialmente em projetos de restauração e programas educativos. “Preservar filmes é uma responsabilidade coletiva. Nenhuma instituição faz isso sozinha”, destacou.

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