Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho celebram “O Agente Secreto” e refletem sobre o cinema brasileiro contemporâneo

Divulgação | MDH Entretenimento

• Por Alisson Santos 

O cinema brasileiro voltou a ser protagonista. Na tarde de terça-feira (28), a coletiva de imprensa de O Agente Secreto, novo longa de Kleber Mendonça Filho estrelado por Wagner Moura, reuniu elenco, equipe e jornalistas durante a 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Entre reflexões sobre a arte, política e o próprio amadurecimento, Moura e Kleber mostraram que o filme é mais que um thriller histórico — é uma declaração de amor à criação coletiva e ao poder do cinema nacional.

O evento, que marcou a estreia do longa na Mostra, contou com a presença de parte do time criativo; Gabriel Leone, Alice Carvalho, Laura Lufési, Tânia Maria e Emilie Lesclaux (produtora) dividiram os holofotes com o diretor e o protagonista.

O RETORNO DE WAGNER MOURA AO CINEMA NACIONAL

Após mais de uma década longe das produções faladas em português, Wagner Moura vive um reencontro com o público brasileiro em O Agente Secreto. O ator, que nos últimos anos colecionou papéis internacionais de destaque, falou sobre o peso emocional desse retorno:

"Voltar ao cinema nacional, em Recife — um lugar que foi essencial para minha trajetória e para tantos artistas — foi um dos processos mais felizes que eu tive. Olha a safra atual do cinema brasileiro, a quantidade de filmes incríveis lançados nos últimos tempos", comentou Moura, com evidente entusiasmo.

O ator também refletiu sobre o momento de transição pessoal e profissional que vive:

"Estou em um momento de muita maturidade. Estou mais velho, com quase 50 anos, e sinto uma confiança diferente, mais profunda. Esse filme nasceu de uma inquietação política entre mim e o Kleber, e é bonito ver como amadurecemos como artistas e cidadãos."

KLEBER MENDONÇA FILHO E A CONSTRUÇÃO DE UM NOVO CLÁSSICO 

Descrito como um thriller político ambientado no Brasil de 1977, O Agente Secreto acompanha Marcelo (Wagner Moura), um especialista em tecnologia que retorna ao Recife em busca de paz, mas acaba revisitando um passado perigoso. Segundo Kleber Mendonça Filho, o roteiro foi pensado desde o início para Moura e para a veterana Tânia Maria.

"O roteiro é sempre o ponto de partida. Quando comecei a escrever o personagem principal, eu já tinha o Wagner em mente. Há uma intensidade nele que conversa com o tempo histórico que o filme aborda — e com o Brasil de hoje também", contou o diretor.

Kleber, que já levou "Bacurau" e "Aquarius" ao circuito internacional, destacou que O Agente Secreto carrega o mesmo espírito de resistência cultural de suas obras anteriores, mas com uma energia nova: "É um filme sobre vigilância, paranoia e lealdade, mas, acima de tudo, sobre memória — a nossa e a do país."

Divulgação | MDH Entretenimento

UM FILME BRASILEIRO RUMO AO OSCAR

A recepção internacional já colocou O Agente Secreto em posição de destaque. Vencedor dos prêmios de Melhor Ator (para Moura) e Melhor Diretor (para Kleber) no Festival de Cannes, o longa foi escolhido para representar o Brasil na disputa pelo Oscar 2026 na categoria de Melhor Filme Internacional — prêmio conquistado no ano anterior por "Ainda Estou Aqui".

"Estamos fazendo tudo com calma, mas da maneira certa", afirmou Wagner. "Ver o Brasil sendo reconhecido lá fora é lindo, mas mais importante é que os brasileiros se vejam e se reconheçam nessa história."

A IMPORTÂNCIA DAS POLÍTICAS CULTURAIS

Em um dos momentos mais emocionantes da coletiva, Moura lembrou o papel das leis de incentivo na sua formação artística:

"Se não fossem as leis de fomento, eu, Kleber e tantos outros talvez não estivéssemos aqui. Foram elas que viabilizaram nossos primeiros trabalhos e permitiram que o cinema brasileiro continuasse existindo, mesmo em tempos difíceis."

Após a exibição na Mostra SP, O Agente Secreto estreia nos cinemas brasileiros em 6 de novembro e chega aos Estados Unidos em 26 de novembro, dando início à campanha internacional da temporada de premiações.

O clima na coletiva era de celebração — não apenas de um filme, mas de uma geração de artistas que insiste em filmar, discutir e reinventar o país através da arte. Como sintetizou Kleber Mendonça Filho, encerrando o encontro:

"O cinema brasileiro nunca parou. Só precisa ser ouvido. E é isso que O Agente Secreto quer fazer; lembrar que, apesar de tudo, ainda estamos aqui — filmando, pensando e resistindo."

Comentários