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• Por Alisson Santos
Se o Macroverso possui sombras, também possui forças de equilíbrio. Do outro lado da balança está Maturin, a tartaruga cósmica que vomitou o universo por acidente — um gesto quase infantil, mas de proporção divina. Embora frequentemente ofuscado pelo espetáculo maléfico de Pennywise ou pelo caos arquitetado pelo Rei Rubro, Maturin representa uma das forças fundamentais do Macroverso — talvez a mais antiga e a mais próxima daquilo que poderíamos chamar, sem muita precisão, de “bondade primordial”.
ORIGEM
Maturin aparece pela primeira vez de maneira significativa em A Dança da Morte, mas é em A Torre Negra e em IT que sua natureza é realmente revelada. Segundo King, a tartaruga existe desde antes do início do tempo. Ela não criou o universo por vontade ou propósito — mas por acidente.
Como descrevem os livros, Maturin “vomitou o universo” em um gesto involuntário, quase infantil, como se a própria criação fosse um espasmo. Essa narrativa desconstrói mitologias tradicionais de um criador consciente, substituindo-as por algo mais visceral e filosófico: "O universo nasceu não do plano, mas do acaso". Ainda assim, é esse ser acidental quem passa a sustentar o cosmos e a vigiar seus equilíbrios.
A ANTÍTESE DE IT
Para compreender Maturin é impossível não compará-lo a IT, seu oponente direto. Se Pennywise representa o caos, o medo, a fome e a destruição, Maturin encarna a tranquilidade, a estabilidade e o instinto protetor. Enquanto IT assume formas que evocam fobias humanas, Maturin permanece imutável, constante. Não precisa de artifícios — sua mera existência é ordem.
Na batalha metafísica entre os dois, Maturin não luta com violência, mas com equilíbrio. IT tenta desfazer o que a tartaruga mantém de pé. A tartaruga observa e intervém apenas quando necessário. É a velha luta entre o caos criador e a ordem sustentadora, traduzida em figuras míticas.
O PAPEL DE MATURIN NA TORRE NEGRA
A influência da tartaruga é sentida em diversas obras, mas é em A Torre Negra que ela ganha complexidade. O universo de King não é único — existem múltiplos mundos, conectados por feixes que sustentam a Torre Negra, o eixo de toda a realidade. Maturin é um dos Doze Guardiões dos Feixes, representando o Feixe Leste-Oeste ao lado do urso Shardik. Isso coloca a tartaruga não apenas como observadora, mas como pilar literal do multiverso. Sem ela, um dos feixes colapsaria, comprometendo a própria Torre e desencadeando a entropia total desejada pelo Rei Rubro.
UM DEUS QUE DUVIDA DE SI
Apesar de seu papel quase divino, King não retrata Maturin como uma entidade onipotente. Em diversas passagens, fica claro que a tartaruga; não compreende totalmente o caos do Todash, teme o que existe fora dos limites da criação e reconhece suas próprias limitações. Isso a torna uma figura ainda mais fascinante; um deus que não se comporta como deus. Maturin não exige culto, não interfere em vidas mortais por capricho, não se impõe. Ele observa — e age apenas quando o equilíbrio está em risco.
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