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• Por Alisson Santos
No ano de 2084, o mundo estava irreconhecível. O ar era reciclado, a comida era sintética e todas as histórias já haviam sido contadas... várias vezes. A Disney controlava 87% do entretenimento mundial, e seu monopólio era tão absoluto que até os casamentos precisavam seguir roteiros pré-aprovados pelo Mickey Supremo, agora uma IA consciente.
Nesse mundo cinza e previsível, vivia Léo, um roteirista clandestino que escrevia histórias originais — um crime capital desde que o governo aprovou a "Lei da Nostalgia Perpétua". Qualquer enredo inédito era imediatamente caçado pelos Executores da Marvel, liderados pelo ciborgue Kevin Feige 3000.
Certa noite, Léo estava escondido em seu bunker escrevendo uma nova história, quando a porta foi arrombada.
— "Mãos para o alto, herege!" — gritou uma voz firme.
Era Clara, uma agente infiltrada da DC, organização rebelde que tentava impedir que todas as histórias fossem obrigatoriamente ligadas ao Multiverso Disney. Ela usava um sobretudo preto e um semblante cínico, como se já tivesse visto Batman morrer e renascer dez vezes.
— "Você escreve histórias originais?" — perguntou Clara, segurando uma pistola Nerf (agora a única arma permitida pela ONU depois do Tratado de Infância Segura).
— "Escrevo. Mas sem multiverso, sem reboots e sem CGI de atores mortos."
Os olhos de Clara brilharam.
— "Santo Snyder Cut... Acho que me apaixonei."
CAPÍTULO 2: A AMEAÇA RETORNA (PELA 17ª VEZ)
Léo e Clara fugiram para um esconderijo da resistência, localizado nos escombros do antigo cinema que um dia exibiu Homem de Ferro 1 (o primeiro filme já canonizado como escritura sagrada). Lá, Clara revelou que a Disney estava prestes a lançar Vingadores 37: O Retorno do Tony Stark (De Novo, Agora Vai), e, segundo boatos, esse filme apagaria oficialmente qualquer chance de criatividade no mundo.
— "Se não fizermos algo agora, todos os diálogos futuros serão apenas variações de 'Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades'."
Léo arregalou os olhos.
— "E as comédias românticas? Elas também...?"
— "Sim. Todas terão um casal que se odeia no início, mas depois descobre que um deles na verdade é um príncipe ou uma IA da Pixar."
Léo respirou fundo. Nunca se sentira tão vivo. Finalmente, ele tinha um motivo para lutar. E talvez, apenas talvez, tivesse encontrado o clichê que mais odiava admitir que gostava: se apaixonar no meio de uma revolução.
CAPÍTULO 3: O ÚLTIMO BEIJO ANTES DO REBOOT
Disfarçados de funcionários da Lucasfilm, Léo e Clara invadiram o prédio central da Disney. O plano era simples: substituir o código-fonte do filme por um roteiro original de Léo, algo tão inesperado que poderia corromper o sistema.
No entanto, bem na sala de controle, foram surpreendidos por Bob Iger IV, um clone do antigo CEO.
— "Vocês realmente acham que podem mudar algo?" — disse Iger IV, girando sua cadeira de vilão. — "O público não quer originalidade. Quer easter eggs e nostalgia barata. Acabamos de lançar Moana 17 e ele arrecadou U$ 5 bilhões", completou.
Léo segurou a mão de Clara.
— "Talvez. Mas amor verdadeiro não precisa de pós-créditos."
— "E não precisa de reboot e continuações" — completou Clara.
Com um beijo dramático digno de filme dos anos 2000 estrelado por Hugh Grant, eles apertaram o botão vermelho.
O sistema entrou em colapso.
Por um instante, o mundo ficou em silêncio.
EPÍLOGO: UM NOVO COMEÇO
Quando Léo e Clara acordaram, perceberam que algo estava diferente. O céu parecia... mais azul. As pessoas nas ruas falavam sobre livros novos. E, em um cartaz de cinema, um anúncio chocante:
"Estreia essa semana: Filme Original – Sem Sequência Confirmada!"
Léo sorriu para Clara.
— "Acha que conseguimos?"
— "Acho que sim."
E, pela primeira vez em muito tempo, o amor deles não precisou de uma cena pós-créditos e muito menos de Léo e Clara retornarão.
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