Divulgação | Festival do Rio |
• Por Alisson Santos
A Première Latina, uma das mostras mais emblemáticas do Festival do Rio, está de volta em 2025 com uma seleção robusta de 18 títulos internacionais vindos da Argentina, Chile, México, Uruguai, Bolívia, Colômbia e Equador. Criada em 2000, na segunda edição do festival, a mostra tem como objetivo promover o diálogo cultural entre os povos latino-americanos, traduzindo suas tensões sociais, políticas e existenciais em obras cinematográficas que refletem o legado da colonização espanhola e a pluralidade de olhares contemporâneos.
De 2 a 12 de outubro, o público carioca poderá conferir uma programação que promete mobilizar o festival com nomes consagrados, novos talentos e filmes que já vêm conquistando espaço em grandes circuitos internacionais.
Entre os destaques está a estreia brasileira de "Nossa Terra" (Nuestra Tierra), novo trabalho da consagrada diretora argentina Lucrecia Martel, que retorna ao festival com um ensaio documental potente sobre a violência contra povos indígenas. O filme, exibido em Veneza e Toronto e concorrente em San Sebastián, reafirma a força autoral da cineasta de Zama (2017) e O Pântano (2001).
Outro grande nome é o chileno Sebastián Lelio, vencedor do Oscar por Uma Mulher Fantástica, que apresenta "A Onda" (La Ola), um musical vibrante inspirado nos protestos do Maio Feminista de 2018.
A mostra também traz o premiado drama queer "O Olhar Misterioso do Flamingo" (La misteriosa mirada del flamenco), de Diego Céspedes, que conquistou o Prix Un Certain Regard em Cannes 2025, além de "A Mensagem" (El Mensaje), de Iván Fund, vencedor do Prêmio do Júri na Berlinale 2025.
Outro título aguardado é "O Lago da Perdição" (La Virgen de la Tosquera), de Laura Casabé, eleito Melhor Filme Argentino no BAFICI 2025 e apresentado em Sundance, que combina drama adolescente e horror sobrenatural. Já a dupla Mariano Cohn e Gastón Duprat apresenta "Homo Argentum", fenômeno de bilheteria na Argentina, estrelado por Guillermo Francella, que satiriza com ironia os hábitos da elite portenha.
A programação ainda aborda questões urgentes da região. Em "Belén", Dolores Fonzi revisita um caso real que mobilizou a luta pelos direitos reprodutivos na Argentina. O boliviano Álvaro Olmos Torrico celebra tradições indígenas em "A Filha Condor", enquanto Silvina Schnicer mergulha nas tensões familiares no drama atmosférico "O Sítio".
Outros títulos reforçam a pluralidade da mostra; "Nancy: Entre o Desejo e o Passado", de Luciano Zito, investiga memórias afetivas; "O Diabo Fuma", de Ernesto Martínez Bucio, mistura fé e violência em fábula sombria; "A Cobra Negra", de Aurélien Vernhes-Lermusiaux, aposta na poesia visual e no mistério; e "Um Cabo Solto", de Daniel Hendler, entrega uma comédia existencial com o humor característico do diretor.
Ainda se destacam "A Hera", de Ana Cristina Barragán, sobre amizade e despertar da sexualidade; "As Correntes", de Milagros Mumenthaler, sobre memória coletiva; "Cobre", de Nicolás Pereda, que reflete sobre a força da mineração no México a partir de um corpo encontrado à beira da estrada; e "É Sempre Noite", de Luis Ortega, que fecha a seleção com uma fábula fantástica sobre uma jovem armada e um poeta enclausurados em uma casa sem contato com o exterior.
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