Crítica | Chainsaw Man - O Filme: Arco da Reze - É um retrato de inocência bombardeado com uma realidade bela e mortal.

Divulgação | Sony Pictures

• Por Daniel Pereira

Fazendo seu primeiro retorno após uma primeira temporada de grande sucesso, Chainsaw Man chega aos cinemas como uma verdadeira explosão que foi capaz de desbancar o até então invicto Demon Slayer. Adaptando o aguardado Arco da Reze, ao longo da história acompanhamos o desenvolvimento de Denji frente a um dilema que divide seus pensamentos e sentimentos entre duas paixões avassaladoras. 

A abordagem entre inocência e manipulação é um dos pontos atrativos do filme, pois constrói uma narrativa envolvente, onde cada passo rumo a uma armadilha mortal se mostra excitante, instigando um desejo para que o protagonista se entregue a algo que pode o matar. As divisões entre Makima e Reze mostram como ambas diferem entre si e ainda assim, são como perfeitos reflexos de paixões avassaladoras que exercem o papel de uma aranha atraindo uma borboleta para sua teia. 

Makima com toda sua aura de mistérios consegue ser extremamente marcante mesmo sem ocupar grande tempo de tela, como se apenas seu olhar penetrante fosse o suficiente para deixar sua imagem marcada na mente do público. Em contrapartida, a doçura de Reze mesclada a sua essência jovial cativa de uma forma totalmente diferente, exercendo um sentimento que poderia ser descrito como um bombardeio de autenticidade.

Falar apenas do quão bem escritos e desenvolvidos estão os personagens, não seria o bastante para fazer jus a um filme tão visualmente belo. A animação se destaca por seus traços fluídos, que se mesclam em animação 2D desenhada à mão com modelos 3D (CGI) usados para apoiar a produção revelando um quadro vivo da mais pura arte. O fato do CGI ser tão pouco usado no filme, diferente da primeira temporada do anime, apenas reforça o acerto em cada detalhe, pois traz mais alma para a obra em si, sem precisar recorrer a algo que iria se destoar totalmente da atmosfera que estava sendo consolidada.

Divulgação | Sony Pictures

O visual segue complementado por uma trilha sonora que se descreve apenas como impecável, pois o cuidado com cada canção empregada em diferentes atos, manifesta uma verdadeira alma que gera uma conexão genuína com cada indivíduo na sala de cinema. As lutas geram empolgação a cada ritmo projetado, em uma sonoplastia moldada para ser uma marca registrada do filme.

Todo esse detalhamento garante uma experiência imersiva, e apesar de muitos terem maior preferência pelo conteúdo legendado, a dublagem brasileira se mostrou verdadeiramente conectada a história de uma maneira tão natural, que reforça o motivo da dublagem ainda se manter tão viva.

Carregado de emoções e de momentos marcantes, Chainsaw Man constrói uma base sólida em sua narrativa, mas ainda assim desliza em alguns momentos ao deixar de lado personagens secundários ao longo da trama, e em momentos apressados desenvolver uma relação que não se mostrou sólida o bastante, no pouco tempo de tela em que foi abordada. Mas apesar desses pequenos deslizes, ainda assim a obra consegue acertar ao criar uma das cenas mais belas do filme com dois personagens secundários, que enxergam um no outro uma conexão que parecia não ser possível.

Para aqueles que já conhecem o arco através do mangá será uma experiência que se mostra capaz de surpreender em muitos aspectos, enquanto para os que irão apreciar pela primeira vez será um verdadeiro arrebatamento de muitas formas. Chainsaw Man - O Filme: Arco da Reze é um retrato de inocência bombardeado com uma realidade bela e mortal. 

O filme estreia em 23 de outubro nos cinemas.

Avaliação - 9/10