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• Por Alisson Santos
O crime que chocou o Brasil no final dos anos 1970 volta ao centro das atenções com o lançamento da série Ângela Diniz: Assassinada e Condenada, que estreia nesta quinta-feira (13) na HBO e HBO Max. Dirigida por Andrucha Waddington, a produção revive a história da socialite mineira assassinada pelo então namorado, o empresário Doca Street — um caso que escancarou o machismo e a desigualdade de gênero no país.
No papel principal, Marjorie Estiano mergulha na complexidade de Ângela e na força simbólica de uma mulher que ousou viver com liberdade. Durante uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (11), a atriz refletiu sobre o impacto pessoal de interpretar a personagem e as violências que ainda marcam a realidade feminina no Brasil.
"Ter feito a Ângela, uma personagem que se dedica ao prazer, é algo muito importante na cultura brasileira. A gente sente culpa por sentir prazer, por tirar férias, por se divertir... A Ângela se autorizava a viver, e isso é um ensinamento essencial. Me identifiquei com essa busca pela leveza — é um exercício para a vida inteira”, afirmou Marjorie.
A atriz destacou que o processo de construção da personagem ampliou sua consciência sobre o papel das mulheres na sociedade e sobre como o machismo estrutural continua determinando comportamentos e expectativas.
"Viver essa personagem me trouxe uma consciência histórica sobre a luta pelos direitos das mulheres e sobre o impacto de uma formação social machista. Quando você estuda isso, começa a enxergar melhor; a sociedade, sua vida e suas relações."
Ao relacionar a trajetória de Ângela com as violências de gênero ainda presentes no país, Marjorie fez um desabafo pessoal.
"É algo que me impacta diretamente. Eu não só já sofri inúmeras violências de gênero, como vou continuar sofrendo, porque essa é a realidade. Estamos tentando reeducar a sociedade, mas essas transformações são lentas. A teoria da legítima defesa da honra caiu apenas em 2023. Isso mostra o quanto o pensamento ainda está atrasado."
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Para Marjorie, a liberdade de Ângela Diniz — mulher que se permitia viver intensamente, sem culpa — é um símbolo de resistência que continua atual.
"A gente continua precisando de novas leis de proteção à mulher, o que prova que a mentalidade não mudou. O fato de a Ângela ser livre, gostar de festas, da praia, da filha, dos amigos, é algo ainda raro nas narrativas femininas. As personagens femininas costumam existir para sofrer — e não para sentir prazer."
Encerrando a conversa, Marjorie reforçou que interpretar Ângela Diniz foi um processo transformador, tanto artística quanto pessoalmente.
"Foi um aprendizado contínuo. Essa história me fez enxergar mais profundamente as desigualdades de gênero e também me trouxe um olhar mais atento sobre as minhas próprias relações, pessoais e profissionais."
Ângela Diniz: Assassinada e Condenada chega à HBO Max e HBO nesta quinta-feira (13), prometendo revisitar um dos casos mais emblemáticos da história brasileira sob uma nova ótica — a da mulher que ousou ser livre em uma época que punia quem não obedecia às regras do patriarcado.
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