Snoop Dogg sobre representatividade LGBTQIAPN+: "Eles estão colocando isso em todo lugar... Estou assustado de ir ao cinema."
| Divulgação | Redes Sociais |
• Por Alisson Santos
O rapper Snoop Dogg voltou ao centro dos debates culturais após criticar a presença de representatividade LGBTQIAPN+ em filmes infantis, usando como exemplo a animação Lightyear (2022), da Pixar. Durante participação no podcast It’s Giving, o artista contou que levou os netos ao cinema para assistir à produção e se sentiu desconfortável quando uma das crianças perguntou como a personagem Alisha Hawthorne poderia ter um filho com sua parceira, Kiko. Na trama, as duas vivem uma relação homoafetiva e formam uma família. Snoop afirmou não estar preparado para responder a esse tipo de questionamento, declarando que situações como essa o deixam “com medo de ir ao cinema agora”. Em tom de crítica, acrescentou ainda que “eles estão colocando isso em todo lugar”, em referência às narrativas LGBTQ+ em obras voltadas ao público infantojuvenil.
As declarações rapidamente repercutiram nas redes sociais e foram recebidas com forte oposição. Muitos usuários acusaram o rapper de homofobia, lembrando que a cena de Lightyear é curta, simples e representa um marco na tentativa da Pixar de incluir personagens diversos em suas histórias. Memes ironizando o desconforto de Snoop se espalharam na internet, enquanto outros destacaram a contradição entre sua postura e a imagem que cultiva de defensor da liberdade artística. A polêmica também chegou ao meio político; a senadora australiana Sarah Hanson-Young, por exemplo, pediu que a liga de futebol local substituísse o show de Snoop Dogg na final do campeonato por artistas nacionais, chamando suas falas de ofensivas.
| Snoop Dogg durante a participação no podcast It’s Giving |
O episódio reacende uma discussão que já acompanha Lightyear desde o seu lançamento. A cena do beijo entre Alisha e Kiko chegou a ser cortada pela Disney, mas foi reinserida após protestos internos de funcionários da Pixar que denunciaram a censura e a falta de compromisso do estúdio com a diversidade. Mesmo com a reinclusão, a produção foi alvo de boicotes e chegou a ser barrada em alguns países. Por outro lado, há quem argumente que esse tipo de representação é fundamental para normalizar diferentes formas de família e proporcionar às crianças uma visão mais inclusiva do mundo em que vivem.
A controvérsia envolvendo Snoop Dogg também surge em um momento delicado para a Disney e a Pixar. Apesar de avanços como o de Lightyear, reportagens recentes apontam que o estúdio tem reduzido gradualmente a presença de personagens e narrativas queer em seus lançamentos, como Elio e a série Ganhar ou Perder, em resposta a pressões conservadoras. A fala do rapper, portanto, não apenas gerou uma onda de críticas pessoais, mas também trouxe novamente à tona o impasse que Hollywood enfrenta entre agradar diferentes parcelas do público e manter-se fiel à representação da diversidade contemporânea.
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